Nos últimos dias, o preço da passagem de ônibus subiu em várias cidades da Região Metropolitana – agora, no mapa, São Paulo está no meio de um cinturão de municípios com tarifas padronizadas a R$ 3,30, 10% mais caro que na capital. Entre as que sofreram o aumento, Guarulhos, São Bernardo do Campo e Osasco.
Segundo avaliação de especialistas, poderá ser essa a tarifa adotada também na cidade de São Paulo. Congelado em R$ 3 há dois anos, desde 5 de janeiro de 2011, o bilhete da capital será reajustado este ano, conforme já antecipou a gestão Fernando Haddad (PT).
A medida evitaria a necessidade de elevar o subsídio a empresas e cooperados responsáveis pelo sistema de ônibus da capital – que consumiram, até junho do ano passado, R$ 772 milhões dos cofres públicos.
Os reajustes vêm ocorrendo aos poucos na Grande São Paulo – desde dezembro, das 38 cidades no entorno da capital , 13 reajustaram suas passagens para R$ 3,30. As últimas foram Santo André, São Bernardo e Ribeirão Pires, todas no ABC. Nas três, o bilhete está R$ 0,40 mais caro desde a semana passada.
Em Jandira, Cajamar, Santana de Parnaíba e na cidade de Osasco, o aumento ocorreu há aproximadamente um mês. Já São Caetano do Sul, Mauá, Guarulhos, Taboão da Serra, Itapevi e Barueri sofreram o reajuste ao longo de dezembro.
Tendência
O engenheiro Sergio Ejzenberg, mestre em Transportes pela Universidade de São Paulo (USP), vê uma “tendência” na adoção dos R$ 3,30 pela região. “A tarifa da capital está defasada há muito tempo. Estamos pagando um subsídio que, daqui a pouco, será bilionário”.
O especialista explica que, desde o último aumento, gastos com mão de obra e combustível cresceram, encarecendo o serviço. “O que está acontecendo no entorno é um reflexo do que vai ocorrer (na cidade). Creio que sobe para isso (R$ 3,30) ou mais.”
A Secretaria Municipal dos Transportes, no entanto, vem reiteradamente afirmando que ainda não sabe qual a porcentagem do reajuste nem quando ele entrará em vigor. O governo estadual sugeriu que o novo valor passe a ser praticado na mesma data do aumento da passagem do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Abuso
Quem já precisa pagar o preço reajustado dos ônibus reclama da subida do custo, que pode pesar no orçamento. A operadora de caixa Juliana Sora, de 34 anos, pega coletivos diariamente em Osasco para ir trabalhar. Desde dezembro, desembolsa R$ 3,30 por viagem. Antes, a tarifa custava R$ 3. Para ela, a qualidade do serviço não melhorou para justificar o aumento.
“É um absurdo, porque, quando você precisa dos ônibus, é uma dificuldade. Atrasam e vêm lotados. Agora, para cobrar mais, fazem isso rapidinho.”
Diretor da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Rogério Belda suspeita que o reajuste na capital deve ocorrer em breve, pois não houve aumento no ano passado. “Isso representa um peso muito grande no orçamento.” Para ele, a cidade poderia copiar a tarifa de suas vizinhas, mas isso não necessariamente precisa acontecer. “Aliás, no passado, era o contrário. Elas é que esperavam o reajuste na capital para copiá-lo.”
Fonte: Diário do Litoral